27/02/2015 - Dados do último Lira (Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti) apontam que a região central de Campo Grande tem 1,3 focos do mosquito Aedes aegypt, causador da dengue e febre chikungunya. Os números, de acordo com o chefe do Setor de Controle de Vetores do CCEV (Coordenadoria de Controle de Endemias Vetoriais), Alcides Ferreira, são preocupantes, por isso a SAS (Secretaria de Saúde), em parceria com a Associação Comercial realizaram na manhã desta sexta-feira (27), uma caminhada pelas principais ruas do centro da cidade com o objetivo de alertar a população sobre os riscos da doença e de como preveni-la.
Batizada de "Caminhada pela Vida", Alcides explica que a ação reuniu cerca de 600 agentes das 72 unidades básicas de saúde da Capital, além de estudantes, comerciários e representantes de entidades filantrópicas que ajudaram a distribuir panfletos e folders explicativos. Ao todo, pelo menos mil pessoas participaram da caminhada. Alcides disse que outras caminhadas foram realizadas em bairros com grande incidência de infestação, como a região do Nova Lima e Jardim Noroeste. "Desde o dia 7 de fevereiro estamos desenvolvendo esse cronograma de atividades nos bairros e a ideia é continuar com os mutirões e palestras", ressalta.
Para levar a uma conscientização, os organizadores apostaram no bom humor durante a caminhada. Munidos de cartazes e cantando jingles que alertavam sobre os perigos da doença e de como evitar a proliferação de focos do mosquito Aedes aegypt, um grupo de agentes seguia à frente com fantasias alusivas ao mosquito causador da dengue e com máscaras de personagens de filmes de terror, alertando a população sobre os riscos da doença, que em Mato Grosso do Sul já causou duas mortes: uma em Corumbá e outra em Paranhos. Em Campo Grande, de acordo com o último levantamento, há 636 casos sob investigação.
Segundo Alcides Ferreira, o número de focos no centro da cidade é preocupante porque durante as visitas dos agentes noso apartamentos e estabelecimentos comerciais, é comum encontrar água acumulada em ralos e em vasos de plantas, sem areia. O presidente da Associação Comercial, João Carlos Polidoro disse que a entidade vem realizando uma campanha intensiva de esclarecimento para que os comerciantes fiquem atentos a limpeza e organização de seus estabelecimentos. "Infelizmente ainda tem empresários que não se atentam para isso. Eles precisam zelar pela saúde de seus empregados. Quando um funcionário fica doente, é complicado para empresa também", disse.
O secretário de Saúde do município, Jamal Salém, que particpou da caminhada, ressaltou que o engajamento de todos os setores da sociedade é fundamental para evitar uma epidemia em todo o Estado. "No interior já temos cidades com esse quadro epidêmico, temos que lutar para que esse cenário não chegue a Campo Grande", afirmou. Ele disse que novas ações em pontos estatégicos como o Mercado Municipal, e camelódromo devem ser feitas em breve.
Segundo último relatório da Secretaria Estadual de Saúde, dez municípios apresentam quadro de epidemia, como Iguatemi, São Gabriel d'Oeste, Três Lagoas e Selvíria. Ao todo já são 3.947 casos suspeitos da doença no Estado.
Quem acompanhou a caminhada aprovou a iniciativa, inclusive a ideia de alertar de forma bem humorada. "Quando a ação acontece de forma descontraída acaba chamando mais a atenção. Foi bom porque acredito que grande parte do povo ainda não tem consciência da gravidade da doença", opinou o mototaxista Ederval Silvério de Souza. Para quem sentiu na pele os sintomas da dengue, a ação deveria acontecer com mais frequência. É o caso do economista Conelly Yamada, que há seis anos teve dengue hemorrágica e chegou a ficar uma semana internado. "Pensei que fosse morrer porque tinha visto a mãe de um amigo morrer devido a doença", relembra.
Para evitar o risco, ele conta que procura ser zeloso com a limpeza de seu quintal. Morador do bairro Cidade Jardim, ele conta que os vizinhos da sua rua são unidos na prevenção. "Graças a Deus ali o pessoal cuida dos terrenos e de sua própria casa", afirma.
A vendedora Cleonice Fernandes também sofreu ao ver o marido com dengue. Agora ela revela que fica atenta em casa, retirando água acumulada de todos os recipientes, porém a vendedora questiona as poças que ficam acumuladas por vários dias em frente às lojas da região central, após as chuvas. "Fico preocupada com isso porque em casa a gente toma conta, mas acaba correndo riscos no trabalho", conclui.
A caminhada terminou no shopping Pátio Central, onde foi montado um estande com material explicativo, além de microscópios onde é possível observar e reconhecer a larva do mosquito Aedes aegypt.
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