03/03/2015 - Apesar de não atender aos interesses dos comerciantes que ainda trabalham no Centro Comercial Condomínio Terminal do Oeste, em Campo Grande, o prefeito Gilmar Olarte (PP) já tem propostas sobre o que vai fazer com os 9% do prédio da antiga rodoviária. Duas delas é transformar o local em uma praça de alimentação, semelhante a Feira Central, ou construir um terminal de ônibus.
A declaração foi feita na segunda-feira (23) durante visita aos lojistas do Centro da Capital para falar sobre o projeto de revitalização da Rua 14 de julho. Para fazer as mudanças, a prefeitura busca um financiamento de R$ 60 milhões junto ao BID ( Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Segundo o prefeito, deste montante, R$ 30 milhões vão servir para fazer a revitalização da antiga rodoviária, readequações na Orla Ferroviária, entre outras obras. “Temos que dar atenção à antigo terminal rodoviário, que foi muito importante para a população durante muito tempo e por onde passou muita gente. O que temos de concreto é o desejo de transformá-la em uma praça de alimentação ou em um terminal de ônibus”, explicou.
Mas, a ideia da associação de comerciantes do local é outra. No mês passado eles procuraram os vereadores na Câmara Municipal para intermediar uma nova proposta: levar secretarias da prefeitura para a localidade. De acordo com Eloysa Cury, representante da associação, o Centro Comercial poderia receber a Funsat (Fundação Social do Trabalho), a Emha (Agência Municipal de Habitação), a Fundac (Fundação Municipal de Cultura) e o setor de turismo da Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Turismo e Agronegócio). “Só queremos voltar a existir, voltarmos a gerar empregos”, comentou Eloysa.
A ideia apresentada agradou o presidente da Casa de Leis Mario Cesar (PMDB), que se comprometeu em ser um interlocutor entre o Centro Comercial e a Prefeitura. “A ideia é ótima e com certeza vou ser um defensor dela. A Câmara fez um compromisso em 2013 de lutar pela requalificação deste lugar e podem ter certeza que vamos cumprir”, mencionou.
Envolvida na causa, a vereadora Luiza Ribeira (PPS) disse que muito já foi feito até agora pela antiga rodoviária. “A antiga administração retirou o pavimento que revestia a parte de transporte rodoviário e deixou o local na poeira, depois o pavimento foi reconstruído. Depois foi retirado o canteiro da Rua Joaquim Nabuco para dar mais fluidez ao trânsito. Agora estamos pedindo a retirada das guaritas, ou seja, estamos lutando para que a prefeitura retome as áreas que são suas por direito”, destacou.
A vereadora disse que uma reunião foi realizado há 15 dias entre os parlamentares e o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) para apresentar o problema da indefinição da prefeitura quanto ao destino da antiga rodoviária, que para ela prejudica os comerciantes. “Ele disse que tem o desejo de levar algumas secretarias do seu governo para lá, como o Detran, para dar mais conforto ao público.
Sobre a proposta do prefeito em transformar o local em uma praça de alimentação, a vereadora afirmou que para isso acontecer a gestão municipal precisa primeiro fazer uma reforma ou ceder o espaço para os 11 lancheiros que trabalham no local. “Se isso for definido, é preciso construir banheiros e deixar de usar os banheiros químicos, por que a Vigilância Sanitária não vai permitir ficar do que jeito que está lá”, informou.
“Outra proposta nossa para o prefeito é a de ceder o espaço para os lancheiros por um período de 10 anos e eles mesmo fazerem a reforma, até por que possuem condições para isso. Já tivemos junto com o Banco do Brasil e o Sebrae e ambos sinalizaram de forma positiva para ajudar estes comerciantes”, finalizou Luiza Ribeiro.
Desde a retirada dos ônibus do transporte de passageiros, a Prefeitura Municipal de Campo Grande apresenta projetos para transformar a antiga estação rodoviária, mas esbarra na falta de recursos.
Desde 2010, o município cogitou implantar no local uma central de fábricas de roupas, um novo camelódromo, uma estação para receber as vans e a transferência de órgãos públicos. As propostas foram estudadas pelos prefeitos da época, Nelsinho Trad (PMDB), Alcides Bernal (PP) e, agora, desafiam Olarte.
O principal impecilho é o custo da desapropriação do antigo terminal, já que particulares são donos da maior parte do prédio. Enquanto comerciantes lutam para continuar, movimentos tentam revitalizar o prédio com eventos culturais e manifestações.
A manutenção da situação de abandono compromete toda a região, que fica a 100 metros da Avenida Afonso Pena, a principal de Campo Grande, e a menos de 300 metros do Centro.
Por enquanto, o único projeto que deu certo foi a transferência dos vendedores de lanche do canteiro da Afonso Pena para a área ocupada pelo transporte coletivo urbano.
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