02/02/2015 - Os casos de divulgações de fotos nuas de adolescentes em aplicativos de trocas de mensagens pela internet, como o Whatsapp, foram os que mais cresceram em Campo Grande, durante todo o ano de 2014. De acordo com o delegado titular da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), Paulo Sérgio Lauretto, as vítimas são as que, normalmente, enviam as imagens aos autores.
Conforme o delegado, durante o período de 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2014, foram registrados, na DEPCA e DEPAC (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), 28 casos de armazenamento e distribuição de fotos de adolescentes, somente em Campo Grande. “Esses foram os casos que mais aumentaram durante o ano passado”, afirmou Lauretto.
Ainda revelou que, em sua maioria, os autores não fotografam ou filmam os adolescentes secretamente, são as próprias vítimas que mandam as imagens. “Se analisar um por um, a própria adolescente foi convencida a postar as imagens a alguém que seria de confiança”, admitiu o delegado.
No começo deste ano, Natan Augusto Marques, 22 anos, foi acusado de assediar uma menina de 12 anos através do Whatsapp, aplicativo de troca de mensagens online, e o Facebook. Ele ameaçou postar fotos da criança nas redes sociais, caso ela não se encontrasse com ele e não tivesse relações sexuais.
O rapaz compareceu à delegacia, mas foi liberado, pois em seu celular não continha fotos da menina, mas o aparelho e o computador foram apreendidos pela polícia para a realização de uma perícia.
Segundo o Art. 24.1 do Estatuto da Criança e do Adolescente, é proibido “apresentar, produzir, vender, fornecer, divulgar ou publicar, por qualquer meio de comunicação, inclusive rede mundial de computadores ou internet, fotografias ou imagens com pornografia ou cenas de sexo explícito envolvendo criança ou adolescente”.
Valdeir Rodrigues, 28 anos, em novembro do ano passado, foi preso pela polícia, por aliciar uma menina de 10 anos através do Facebook. Ele marcou um encontrou com a criança, que havia avisado os pais, momento em que ele foi preso. O acusado confessou o crime, mas afirmou que não iria fazer nada com a menina.
Normalmente, os aplicativos utilizados para o compartilhamento de imagens são o Instagram e Whatsapp, programas que não dependem necessariamente de um servidor. O Facebook também é usado na prática do crime.
O delegado alertou os pais para monitorarem os celulares dos filhos. Sempre saber com quem eles conversam e o que enviam para os amigos.
A psicóloga Neide Auxiliadora Carrara da Silva explicou que os pais devem ter controle sobre a liberdade dos filhos. “Primeiro o dever e depois o lazer”, alertou. Para ela, os pais devem sempre orientar e fiscalizar o comportamento dos filhos. “As crianças devem ter regras, elas precisam saber que os pais que mandam”.
Neide explicou que as redes sociais atualmente são necessárias para a comunicação, mas que os pais devem ter controle sobre as contas dos filhos. “Não pode dar um aparelho e deixar o filho usar. Precisam determinar horários, a partir dos deveres das crianças, como se isso fosse um bônus, e saber o que estão acessando”, apontou a psicóloga.
Caso os pais não consigam flagrar quaisquer ato de pedofilia, eles devem ficar atentos a mudança de comportamento das crianças. “Elas passa a se manipular, ficar com o comportamento mais agressivo. Isso são alguns indícios”, explicou.
Algumas vezes os pais não conseguem descobrir o que causou o comportamento diferente, então Neide os aconselhou a procurar um profissional e, caso descubra pedofilia, denunciar à polícia.
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