01/12/2014 - Marcado pelo movimento no comércio e pelas compras inevitáveis, o final de ano tem levado o consumidor a criar estratégias para diminuir o estresse comum dessa época e não deixar de lado os tradicionais presentes.
A aposentada Dair Fernandes, de 75 anos, demora semanas para comprar os presentes da família. Isso acontece porque ela compra de pouquinho para não se irritar com as aglomerações. "Se deixar para última hora, fica muito corrido, atropelado, então cada dia venho aqui no centro (da cidade) e compro uma coisinha. É o melhor jeito", aconselha.
Presentinhos - Outra dica da dona Dair é comprar presentinhos somente para os familiares mais próximos. "É sempre alguma coisinha só que eu compro, coisa simples pro meu esposo, meus filhos e netos. Hoje comprei um chapéu pro meu marido", conta.
A dona de casa Salete Zanin, de 49 anos, não está satisfeita com os preços. "Tá caro, os preços não estão bons, não. Ter que gastar canela, as lojas ficam cheias, então tem que ter muita paciência, muita tolerância, e bater muita perna, ir e voltar nas lojas várias vezes", sugere.
Bater perna ainda é a melhor saída, tanto para consumidores, quanto para lojistas, que acabam com produtos encalhados nos estoques, gerando prejuízo. De acordo com pesquisa recente, as compras de Natal deste ano vão sofrer queda de 9,3% em relação a 2013, injetando R$ 642 milhões no comércio de Mato Grosso do Sul. No ano passado, esse montante foi estimado em R$ 708 milhões.
Os dados são da Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso do Sul), em pesquisa desenvolvida em parceria com a Uniderp Anhanguera e Fundação Manoel de Barros.
Desaquecimento - No entanto, se as vendas caem, a economia toda sofre. Segundo o economista Sérgio Bastos, um efeito dominó acaba acontecendo.
"Se a disposição para compras está menor é porque as pessoas estão trabalhando de maneira mais conservadoras, estão poupando para evitar problemas financeiros. Se você tem perspectiva de desaquecimento, isso exige que o empresário diminua o estoque, assim como as contrações. Isso acaba refreando as vendas e desaquecendo o comércio", explica.
"Essas pessoas que deixam de comprar não estão retornando seus salários ao sistema produtivo, então a produção diminui, os empregos diminuem e gera-se um ciclo vicioso negativo, é ruim porque acaba levando a um esfriamento cada vez maior da economia", amplia o economista.
Para driblar essa instabilidade, o economista explica que os empreendedores acabam mudando as estratégicas para conseguir esvaziar estoques. "Identificando certa dificuldade em vender, o comerciante acaba procurando maneiras de fazer gerar a economia, como promovendo promoções, mas isso é ruim para ele porque acaba comprometendo sua margem de lucro", considera.
"Para o consumidor, no entanto é bom, porque ele estará em bom momento para fazer compras", finaliza.
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