07/11/2013 - Até para Polícia terereseiro de verdade apela, mesmo que na base da brincadeira, quando o assunto é o preço da erva mate. De um ano para cá, eles dizem que a mania regional dobrou de preço. E foi só um postar o “pedido de socorro” no Facebook, para a legião de apaixonados engrossarem a chiadeira.
“O povo de Campo Grande está sofrendo um assalto. Há 1 ano, no Mercadão, a erva de tereré sem sabor custava R$ 5,00 e com sabor R$ 7,00 o quilo. Hoje, elas custam R$ 11,00 e R$ 13,00 respectivamente, preço tabelado. E pelo que falam, a tendência é subir mais e mais... Vereadores? Deputados? Quem poderá nos ajudar?”, reclama o bombeiro Thiago Kalunga. Segundo ele,“neste mês, só erva sem sabor lá no quartel”.
A resposta foi imediata, inclusive, com supostos motivos para a inflação do tereré. “Galera, pode parecer mentira, mas a culpa é da Coca Cola. A maior parte da erva consumida em MS vem do interior do PR e SC. A Coca Company comprou a maioria dos ervais para exportação do mate produzido pela empresa. A lei da oferta e da procura, bem capitalista, mostrando sua face no tereré (cultura) nosso de cada dia.”, diz Alan Brito.
Os desesperados apelam até para o fato da bebida ser considerada Patrimônio estadual, afinal "tereré é cultura". O que não falta é piadinha do tipo: “Vai ficar mais caro que maconha” ou “No Réveillon não irá ter estouro de champanhe aqui em casa e sim uma rodada de tereré”
Nas ruas, a reclamação continua. O vidraceiro Vamilton Couto Pires, de 49 anos, conta que percebeu que o preço subiu muito na ultima vez em que teve de comprar a erva. Acostumado a levar 5 quilos, teve de se contentar com 3, por R$ 39,00. “Já cheguei a pagar R$ 6,00 o quilo. Sempre comprei de dois em dois meses, mas vou diminuir muito”, lamenta.
Na rede Tereré Shop, Léo Wenoli diz que nos últimos tempos a erva não dobrou e sim quadruplicou de preço. Na opinião dele, a situação parece irreversível a curto prazo, pelo desinteresse dos produtores. “Estão acabando as lavouras de mate, trocando por plantações de soja. Enquanto isso, a demanda só aumenta, até para a exportação”, avalia.
Mesmo assim, o sócio da loja especializada em tereré comenta que o valor “assustou”, mas que os clientes continuam fiéis.
De R$ 8,00, Cleide Silva, 40 anos, passou a pagar R$ 12,00 no quilo. São R$ 4,00 de diferença que pesam no bolso e o jeito vai ser se virar com 1 quilo por semana, no lugar de 2. “Só não dá para acabar porque a gente recebe visita, tem de estar com o tereré pronto”, comenta.
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