01/08/2013 - A Bovespa encerrou julho com sua primeira alta mensal no ano, mas especialistas estão pouco otimistas sobre a consistência do avanço, mantendo a avaliação de que apenas uma reversão de expectativas sobre a economia doméstica poderia dar sustentação ao índice.
A bolsa teve seu primeiro mês de alta, com valorização de 1,64%. O último mês em que o índice havia avançado foi dezembro de 2012, quando teve alta 6,05%. No ano, porém, a queda ainda é de 20,86%.
A Bovespa fechou em queda de 0,67%, a 48.234 pontos, nesta quarta-feira (31). Veja cotação
Investidores reagiram ao comunicado do Federal Reserve, banco central norte-americano, que não ofereceu indicações de redução iminente em seu plano de estímulo.
O giro financeiro da sessão foi de R$ 7,07 bilhões.
Na semana, a bolsa acumula queda de 2,4%. No ano, a desvalorização é de 20,87%.
Barganhas
O Ibovespa reagiu em julho com investidores abocanhando barganhas em um momento em que havia pouco espaço para novas quedas, após o índice ter registrado em junho seu pior desempenho mensal desde maio de 2012.
Segundo especialistas, o mercado também ficou mais aliviado com os sinais de aperto na política monetária do Banco Central brasileiro e indicadores de inflação abaixo do esperado, levando o índice a sair do nível dos 45 mil pontos no início do mês para fechar acima de 48 mil pontos.
A falta de notícias mais animadoras sobre a economia doméstica, porém, conteve um avanço mais consistente do índice. "As dúvidas continuam por aí, tem que haver alguma informação adicional para a bolsa subir", afirmou a analista de investimento Mitsuko Kaduoka, da Indusval & Partners Corretora.
As perspectivas para os balanços de empresas no segundo trimestre também eram pouco animadoras, em meio a um dólar mais valorizado, que pode prejudicar companhias endividadas em moeda estrangeira, à atividade econômica fraca e à inflação ainda alta.
O quadro era agravado por um cenário externo ainda preocupante, principalmente devido à perspectiva de retirada dos estímulos monetários do banco central norte-americano mais tarde neste ano e temores de desaceleração da economia chinesa.
"Principalmente Petrobras e Vale, que são porta de entrada de investidores, têm sofrido bastante com as notícias da China", afirmou analista Marcelo Torto, da Ativa Corretora.
Para Torto, porém, declarações de autoridades chinesas afirmando que não aceitariam um crescimento do Produto Interno Bruto inferior a 7 por cento deram mais tranquilidade ao mercado.
"Com a bolsa relativamente barata aqui no Brasil, podemos esperar que, com uma melhor análise sobre o cenário macroeconômico, algumas oportunidades comecem a ficar mais evidentes", afirmou Torto.
Fed
Em seu comunicado, o Fed repetiu que continuará comprando os US$ 85 bilhões em títulos hipotecários e dívida do Tesouro norte-americano por mês para estimular a economia e afirmou que a atividade expandiu-se em ritmo "modesto" no primeiro semestre.
Um relatório do governo divulgado pela manhã mostrou que o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA teve expansão em ritmo anual de 1,7% no segundo trimestre, acima das expectativas, mas o dado do primeiro trimestre foi revisado para baixo, de 1,8% para 1,1%.
"O comunicado reduziu um pouco o temor de que a diminuição do programa pudesse começar em breve. Mostrou que o Fed talvez faça isso mais para o final do ano", afirmou o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa.
O programa tem sido responsável por sustentar o fôlego de investidores por ativos de maior risco, como aplicações em bolsas.
Ações
Guiaram a queda do índice os papéis de PDG Realty, Usiminas e Gafisa. Ambev era destaque de alta, após a empresa divulgar lucro líquido 1,1% menor no segundo trimestre na comparação anual, mas melhor volume de vendas de cerveja no Brasil.
Também subia o papel da Gerdau, em antecipação à divulgação do balanço da companhia na quinta-feira, depois da Usiminas, também do setor siderúrgico, ter divulgado prejuízo menor que o esperado.
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